quinta-feira, 17 de abril de 2014

A pecabilidade do Homem e a impecabilidade de Cristo



Contemporâneo da queda do Homem surge então o conceito de pecado. “Pecado é qualquer falta de conformidade com a lei moral de Deus em atos, atitudes ou natureza” (Wayne Grudem, 2001). Poderá estranhar-se que o conceito de pecado apareça sempre em relação a Deus, mas não é preciso muito esforço para entender que tudo aquilo que é considerado pecado, ou simplificando, “aquilo que é errado” tem sempre por trás um padrão declarado pela Palavra de Deus. Um exemplo disso é “matar é errado”. Quem instruiu que matar é errado? Deus, no primeiro homicídio (Caim e Abel), mostra como isto é errado e volta a afirmá-lo nos Dez Mandamentos. Poderíamos debater porque nos regemos pelos princípios bíblicos, mas não há lugar a isso neste texto, e se a sua convicção é que não há nada que nos obrigue a respeitar a lei de Deus então a solução é parar por aqui e não ler mais daqui para a frente.
No anterior post, foi falado que todos pecaram e todos continuarão a pecar ao longo dos séculos, porque temos o que é chamado de corrupção herdada, e é sobre isso que nos iremos debruçar. Historicamente, foram raras as vezes que o povo de Israel estava em conformidade com a lei de Deus, porque a sua desobediência constante e frágil comportamento levava-os a pecar e, em Paulo vemos que não passa duma tendência mas sim uma ação duradoura no estado caído do Homem: “Porque eu sei que, em mim, isto é, na minha carne, não habita bem algum; e, com efeito, o querer está em mim, mas não consigo realizar o bem. Porque não faço o bem que quero, mas, o mal que não quero, esse faço. Ora, se eu faço o que não quero, já não o faço eu, mas o pecado que habita em mim” Romanos 7:18-20 É natural para o homem fazer aquilo que está errado, e um exemplo simples é o caso de tomar o nome de Deus em vão. Isso acontece quando proferimos o nome de Deus sem necessidade ou sem o pensamento correto, é o “dizer por dizer”. Cada vez que dizemos “Valha-me Deus” como interjeição desprovido de qualquer significado ou sentimento estamos a invocar o nome de Deus em vão – isso é pecado. Ou levantar falso testemunho contra o próximo, o chamado “dizer mal”. Não são poucas as vezes que o fazemos por intenção pessoal ou porque os outros nos induzem. E na questão do pecado não há desculpa para o que se fez, porque regra geral aquilo que fazemos fica à conta da nossa liberdade de ação. Resumindo, seja por motivos intrínsecos à pessoa, por distúrbios emocionais, seja por pressão do exterior, sempre existirá alguma altura na nossa vida que faremos o mal ou pensemos o mal (por exemplo: desejo que alguém seja mal sucedido, ou que morra). Esta é a nossa natureza moral pecaminosa: o mal é algo que está intrínseco na natureza humana. Isto não é sinonimo de impossibilidade fazer o bem, porque culturalmente existem muitas pessoas que tem atitudes boas, mas a nossa natureza moral de ter pecado em alguma circunstância interna ou externa da nossa vida é impeditiva da relação primordial com Deus como Adão e Eva tinham no jardim do Éden. Dito de outra maneira, por natureza não há relação entre homem e Deus, fruto da nossa natureza pecaminosa, a qual Ele não se pode associar visto que Ele é santo, e não há comunhão entre luz e trevas.
Podemos comparar agora com a impecabilidade de Cristo. Embora algumas pessoas discordem da obra redentora de Cristo, muita gente não é capaz de discordar do tremendo exemplo que Ele é. E enquanto não falamos de Cristo como Redentor, cabe falar dele enquanto exemplo supremo colocando-nos ao Seu lado para examinarmos como estamos aquém da perfeição. Uma das lições que grita pela impecabilidade de Cristo é a primeira frase exclamada por Ele na cruz: “Pai, perdoa-lhes porque não sabem o que fazem”. Lucas 23:34 Normalmente, em situações de extrema emoção e dor não há quem resista a condenar a outrem (ou mesmo a Deus) por tudo o que estão a sofrer. Ora, com Cristo não foi isso que aconteceu. Perante todo aquele triste aparato, se fossemos nós não teríamos problemas de inflamar a nossa ira sobre quem nos estaria a fazer mal, desejar com todas as nossas forças que aquelas pessoas sofressem na pele aquilo que estavam a fazer, e haveria quem arriscasse a revolta contra Deus por tal sofrimento. A impecabilidade de Cristo não tornou aquele momento em um momento de ataque pessoal a quem lhe fazia mal, nem em momento de revolta e ressentimento, mas o primeiro momento de perdão na cruz. Antes de morrer para perdoar, o pedido é o perdão pela ignorância. Será que nós também eramos capaz de perdoar a quem nos faz mal? Eramos tão só capaz de pedir a Deus para perdoar os outros, sendo nós o veículo de intercessão daquelas pessoas ignorantes e erróneas? Não o fazemos pelo pecado presente em nós que se canaliza em rancor e ressentimento. E não há ninguém que o consiga fazer por natureza. Fica desafio de passar um dia sem pecar para chegarmos a conclusão de quão corrompidas estão as nossas atitudes, nossos pensamentos e emoções. Apenas Jesus o conseguiu fazer do início ao fim da sua vida. Mas Ele era o Filho de Deus.

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