Sexta-feira já passou. O povo estava comemorando a antiga aliança, inconscientes que essa já tinha sucumbido aos pés da nova. Véu rasgado, o sol já brilhava de novo. O sangue dos cordeiros, os pães asmos e as ervas amargas recheavam o centro das festividades - a libertação do povo do Senhor da terra do Egipto. Mal eles sabiam que tinham acabado de ser libertos de uma escravidão maior, a escravidão da alma, aquela que os prendia ao seu passado pecador, a uma corrupção herdada desde os tempos da antiguidade. Escravos dos seus vicíos, escravos do legalismo vazio nos seus corações, escravos de tudo o que os fazia beber e comer em detrimento da adoração a seu Deus, escravos da hipocrisia e xenofobia perante os outros povos. No fim de contas, não eram somente escravos de Roma. Mas estavam adormecidos para esta realidade. Se eles tão somente soubessem que o Messias que seus pais lhe falavam esteve no meio deles para os livrar...Ele veio para eles, mas eles não o receberam...Se eles tão somente procurassem conhecê-lo melhor teriam-no poupado aquela morte tão cruel? Não, Ele teria que morrer, porque Ele era o cordeiro que teria que ser levado para o matadouro, para expiar o pecado. E ele assim o fez, mesmo perante toda a apatia daquela gente. Não eram merecedores...Eles nunca foram, como também nunca viriam a ser, mas tal era o amor de um Pai tão grande.
Depois daquela sexta-feira cruel e dolorosa voltou a reinar a indiferença. O morto já não estava na cruz, os seus seguidores reunidos numa casa apavorados de medo, podia-se continuar a festa. Era tempo de alegria: "Aleluia à libertação do povo de Deus"! Qualquer que fosse a sua comemoração, qualquer que fosse o seu brado de vitória pelo seu passado, não se comparou ao brado de vitória dado no tumulo fechado - o tumulo que continha o morto daquela cruz, o Rei dos Judeus. Ele já não era morto. Ele já não era um corpo ensanguentado pelo pecados deles. O poder da morte nunca foi e não podia ser um problema para o Rei dos Judeus. O Seu poder criador dos céus e terra, a sua existência antes da morte tornava-o maior. Nada na vida, nada na morte o podia impedir de ser O vencedor! Dentro daquele túmulo, quando Ele ressurgiu da morte foi tempo de alegria, foi tempo de glória, foi tempo de exaltar o Rei dos Judeus, o Cristo, o Messias. Quando a pedra se rodou nada mais o podia prender e o brado de júbilo é dito com voz triunfante:" Aleluia à libertação do povo de Deus!"
Se a morte de Cristo não é o suficiente para acreditar que Ele traz libertação, saber que alguém venceu a própria morte é pelo menos um motivo para procurar mais acerca do Rei dos Judeus. Qualquer que seja a escravidão por qual o homem pode passar, confiar em alguém que tem poder para vencer a morte, embora que seja loucura para muitos, será sempre a melhor coisa a fazer.
